Espaço criativo da Tati
terça-feira, 14 de agosto de 2012
poesia
O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno,
dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos,
que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o
vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o
não é quando a desilusão, aceite desde o príncipio, decide variar de
ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos
trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles
vestida.
Fernando Pessoa
poesia
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
Luís de Camões
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
Assinar:
Postagens (Atom)